O 11o dia da SPSAS Amazônia começa com a aula de Ane Alencar, pesquisadora do IPAM e parte da coordenação da Escola. A pesquisadora destacou o papel central da disputa pela terra e do desmatamento especulativo como os motores da devastação da Amazônia no momento.
“A pecuária tem se colocado como principal atividade econômica no lugar de atividades que antes eram diretamente ligadas à floresta e aos rios”, destaca Ane Alencar, “é importante que tenhamos em mente que isso acaba diminuindo a diversidade de formas como as pessoas se relacionam com o território e que a solução para o futuro da Amazônia é a diversidade”. Para isso, é necessário arrumar formas de evidenciar os potenciais da diversidade da Amazônia e endereçar políticas públicas de forma assertiva.
Outro ponto central da aula de Ane Alencar foi sobre o papel do Brasil na discussão sobre a questão climática na relação com a Amazônia. A pesquisadora apresenta dados alarmantes: 40% dos ambientes naturais queimados no Brasil nos últimos 30 anos pertencem à região e 13% dessas queimadas são incêndios florestais, que não deveriam existir. Novamente, grande parte desse problema está relacionado às mudanças de usos da terra, especialmente para uso agrícola.
Também nesse dia, os participantes tiveram a possibilidade de conversar com o professor Luís Eugênio Mello, Diretor Científico da Fapesp. O grande tema da discussão foi o financiamento à pesquisa para a região Amazônica e a fixação de pesquisadores na região.
Para Mello, o Fundo Amazônia + 10 é um exemplo de grande êxito para o financiamento de pesquisas pois baseia-se na cooperação entre diferentes agências de financiamento no país. A iniciativa congregou 10 Fundações Estaduais de Apoio à Pesquisa em torno do desenvolvimento da ciência, tecnologia e inovação na Amazônia Legal. “Essa Escola foi proposta no âmbito da Iniciativa Amazônia, congregando pesquisadores do Brasil e outros países amazônicos”, ressalta Mello, “e possui, também, essa perspectiva de provocar a possibilidade de fixação de pesquisadores como os participantes dessa Escola na região Amazônica”.
Para finalizar, Mello destaca que há abertura da Fapesp para ouvir as propostas resultantes do trabalho realizado na Escola, preferencialmente as que forem multiinstitucionais e multinacionais. “É fundamental que tenhamos boas propostas. A ideia é que vocês consigam se articular e depois entrem em contato com a Diretoria Científica da Fapesp para iniciarmos uma discussão. E, a partir dessa discussão, a Fapesp pode carregar essas demandas para buscar co-financiamento com as instituições de fomento dos outros países”.